Corninho Feliz: Cuckold, Cuckquean e Hotwife - quando o tabu vira tesão

Viver seu desejo pode ser considerado um ato de coragem, especialmente num momento em que o mundo inteiro virou juiz no maior tribunal da humanidade: as redes sociais. A fantasia do “corninho feliz”, ou para os íntimos do dicionário erótico, o cuckold, é exatamente isso: transformar medo em erotismo, ciúme em adrenalina e comparação em diversão.

Em diversos cantinhos desse mundão cibernético, nunca foi tão fácil pesquisar, explorar e, para alguns,vivenciar seus maiores prazeres. O chifre tão temido por algumas pessoas é um fetiche bem recorrente de várias outras- ocupando o top 5 de temas mais buscados em diversas plataformas de conteúdo.

Mas vamos ao que interessa: afinal, o que é cuckolding?

Traduzindo de forma super didática: cuckolding (muitas vezes abreviado informalmente como cuckold) é o termo geral que se refere à fantasia ou prática na qual uma pessoa sente excitação ao ver, imaginar ou saber que seu parceiro está se relacionando sexualmente com outra pessoa. Aqui tem um detalhe importante: existe consentimento de todas os participantes. Ou seja, não é traição e sim a erotização da ideia de “compartilhar” o parceiro de forma consciente e combinada.

Para algumas pessoas a ideia parece estranha à primeira vista, mas a ciência diz que não é nada raro. Estudos do psicólogo sexual Justin Lehmiller, pesquisador do Kinsey Institute, revelam que mais de 50% dos homens heterossexuais já fantasiaram ver a parceira transando com outro homem. Sim, metade! E 26% das mulheres já fantasiaram ver o parceiro com outra. O termo cuckold recebe mais de 110 mil buscas mensais no Google e vídeos com essa temática ultrapassam 40 mil resultados em grandes sites de conteúdo adulto. Ou seja: provavelmente algum conhecido também simpatiza com essa possibilidade - e você que lute para não ficar imaginando quem.

Abecedário do cuckold

Dentro desse guarda-chuva, existem subcategorias que se diferenciam pelo papel que cada pessoa ocupa na fantasia. Por exemplo: o homem que se excita ao imaginar, ouvir, assistir ou até permitir que a pessoa com quem se relaciona tenha interações com outro homem, e depois ouvir o relato, é o cuckold. Caso a o desejo venha do lado feminino nome técnico é cuckquean, mas muitas preferem Queen kink ou Hotmistress.

E, claro, também existem os nomes de quem pratica a corneação. Hotwife é  termo utilizado para a mulher do casal que tem relação com outras pessoas e o homem é o Hothusbund. Lembrando que o parceiro não está sendo enganado; eles participam emocionalmente da dinâmica que foi criada, uma dinâmica estruturada com limites e regras definidas em comum acordo - e que certamente serão diferentes daquelas estabelecidas por outros casais. O respeito em adaptar esses limites à realidade e ao conforto de cada casal é imprescindível.

Pra fechar falta só uma peça: a pessoa de fora. Aqui temos um único nome, que é Bull. Mas aqui também podemos considerar vários outros nomes que tem tudo a ver com o fetiche de cuckolding: 

• Voyeurismo: prazer em ver outra pessoa em ação - é sexy”
  
  
• Poder e submissão: inverter papéis do cotidiano é libertador.
  
  
• Validação erótica: se tem gente desejando quem me relaciono, então escolhi bem.
  
  
• Sadismo consensual: quando provocar o ego vira prazer.
  
  
• Narrativa quente: é praticamente um filme pornô personalizado.

Ousado? Pode ser, mas o cérebro AMA ousadia, especialmente quando falamos de sexo. Um relacionamento estável exige um equilíbrio quase impossível entre previsibilidade e aventura — e casais que se permitem ousar costumam sair na frente.

Por fim, entenda: consentimento é a chave. Sem ambos estarem totalmente de acordo, não rola. E nada de culpa, as fantasias que somos capazes de criar podem nos surpreender, mas não são ameaças. O ciúme pode, sim, ser erotizado, e o tesão adora brincar com nossos medos. “Ser corno”, nesse contexto, não é ser enganado, é ser convidado para dirigir o roteiro da própria fantasia. No entanto, cuckolding é jogo, mas jamais bagunça.

Tatiana Presser