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Shibari – do fetiche às dicas para quem curte

Escrito por Redação | 24/09/2025 22:01:07

Arte, desejo e história: Conheça o universo do Shibari.

Curiosidade, desejo, arte, fetiche… o shibari mistura tudo isso — se você quer entender melhor o que é, como praticar com segurança e quais papéis existem nessa “dança com cordas”, vem comigo! 

 

O que é shibari e onde surgiu? 

“Shibari” é uma palavra japonesa que significa literalmente “amarrar” ou “ligar”. Ela foi adotada nomear a arte erótica de amarrações feitas com cordas, focando tanto no prazer estético quanto na experiência sensorial e emocional.  

Antigamente existia no Japão o Hojojutsu, técnica usada pelos samurais para prender prisioneiros, capturar inimigos, etc. Com o tempo isso saindo do campo militar e foi sendo incorporado em artes teatrais, como o Kabuki e em formas eróticas de arte visual, como o shunga. 

A partir do século XX diversas pessoas começaram a estudar, praticar e refinar essa  arte de forma física, dando origem ao shibari. 

Shibari e fetiches 

  • Poder e controle: o ato de amarrar (ou ser amarrado) envolve dinâmica de dominação / submissão, entrega de controle. Pode tocar fetiches relacionados a autoridade, rendição, vulnerabilidade. 
  • Sensações físicas: pressão, restrições, imobilização, tensão nas cordas, sensação da pele, textura da corda — tudo isso contribui para estímulos que vão além do contato físico “normal”. 
     


Diosa del Caos amarrando e dominando o Baderna

  • Estética e arte: muitas pessoas sentem excitação não só pelo toque, mas pela beleza visual das amarrações — padrões, simetrias, contrastes, silhueta, sombra, luz. A corda sobre o corpo cria formas visuais. 
  • Exploração emocional: confiança, entrega, vulnerabilidade — quem se submete ou quem amarra pode entrar em estados emocionais profundos, de cuidado, afeto, ou até de consagração de fetiches pessoais. 


Diosa del Caos e Cute Devil com amarração feita pelo Baderna

Equipamentos: cordas, materiais e técnicas 

Se vai começar, ou mesmo se já conhece, entender bem os materiais e técnicas é essencial para segurança e prazer. 

Materiais comuns 

  • Cordas de cânhamo ou juta: bastante usadas pela textura, firmeza e estética tradicional. Podem incomodar um pouco no início, mas muita gente prefere esse toque “natural”. 
  • Cordas de algodão: mais suaves para a pele, menos abrasivas. Ideal para quem está começando ou tem pele sensível. 
  • Outras fibras tratadas: cordas mais modernas, sintéticas ou misturadas, que têm tratamentos para suavizar ou prevenir que “puxe” muito, ou que “inflame” a pele. 

                                                                                        Algumas  espessuras de corda utilizadas no Shibari

 
Espessura e comprimento 

  • Amarras mais finas ou mais grossas: finas permitem detalhes e mais intricadas, já as mais grossas suportam melhor o peso e proporcionam mais suporte. 
  • Comprimento suficiente para as posições que se quer fazer (amarrar braços, pernas, suspensões, etc.). Sempre considerar sobras de corda para nós seguros e folgas. 

Técnicas básicas 

  • Nós seguros, jamais deixá-los soltos ou que possam escorregar. 
  • Amarrações horizontais (de solo), verticais ou suspensões — cada uma exige técnica diferente, controle de pressão e entendimento do corpo envolvido. 
  • O conhecimento de anatomia importa: evitar pressionar nervos, articulações vulneráveis, veias ou partes sensíveis de modo que cause dano. 

Principais cuidados e como começar a praticar? 

Se vai se aventurar, esses cuidados vão fazer diferença entre uma experiência prazerosa e uma péssima ideia. 

Cuidados essenciais 

  • Consentimento explícito: conversar antes com a pessoa amarrada sobre o que gosta, limites, sinais de “pare”, “devagar”, segurança. 
  • Palavra/sinal de segurança (safe word / gesture): algo que qualquer um possa usar para parar imediatamente. 
  • Kit de segurança: tesoura de segurança (ou cortador rápido), toalhas ou panos, algo pra proteger a pele (ex: forrar cordas, usar tecido sob corda quando necessário), e primeiros-socorros simples. 
  • Evitar nós perigosos: principalmente no pescoço e articulações. Evite amarrações que apertem sem possibilidade de ajuste. 
  • Observar circulação e sensação: mãos e pés devem manter cor normal, e o contato com pele não pode ficar formigando ou gerando dor. Se algo disso ocorrer, afrouxar ou desfazer. 
  • Nunca deixar alguém atado sozinho: sempre supervisionar. 

Como começar?

  1. Comece com amarrações simples, no solo, que não sustentem peso. 
  1. Estude ou aprenda com quem já sabe: workshops, vídeos confiáveis, pessoas experientes — mas sempre dando prioridade à segurança. 
  1. Invista em cordas de qualidade, adequadas para o uso, que sejam limpas, sem farpas, extensíveis o suficiente para o uso pretendido 
  1. Pratique devagar, explorando o corpo, vendo o que dói, o que sente bem, dialogando durante o processo. 

 Quais os principais papéis do shibari – Rigger; Rope Bunny; e Switcher 

Em uma sessão de shibari, normalmente há diferentes “papéis” que uma ou mais pessoas desempenham. Conhecer esses papéis ajuda a alinhar expectativas e consentimento. 

  • Rigger (ou “nawashi”, “bakushi” em japonês): é quem faz as amarrações — planeja os nós, decide o estilo, mantém segurança, observa a corda, os tempos, a tensão. Necessita técnica, responsabilidade e comunicação. 
  • Rope Bunny (ou “modelo”, “quem tá sendo amarrado”): é a pessoa que recebe as amarras. É uma posição de entrega; exige confiança, comunicação constante, sensibilidade ao corpo próprio para falar quando algo incomoda. 
  • Switcher: quem alterna entre os papéis — ora amarra, ora é amarrado. Pode experimentar o shibari nos dois lados. Inclusivo para quem gosta de explorar diferentes dinâmicas. 

Lembre, o Shibari é muito mais do que fetiche e cordas: é comunicação, confiança, arte e prazer. Se você está curioso, o melhor conselho é sempre começar devagar, com respeito aos seus limites e aos do outro, ter segurança como prioridade e aprender com quem entende do assunto. É explorando com responsabilidade que o fetiche vira experiência rica, segura e intensamente pessoal.